30 de junho de 2016

Enlightenment, o desktop quase esquecido


Uma vez o Advogado Carioca comentou aqui sobre a nova versão do Enlightenment, um gerenciador de janelas usado no Linux, BSD e até mesmo no Tizen (sim, aquele sistema que não é da Samsung). Então, considerando a idade avançada do usuário, resolvi instalar e mostrar como ele está atualmente, antes que nosso companheiro vá a óbito, já que está no bico do corvo.


Ah, o Enlightenment, lembra meu primeiro contato com Linux usando o Slackware. Eu tinha tanto cagaço que eu até removia fisicamente o HD do Windows para não dar merda. Não tinha tablets, smartphones nem outro computador. Eu tinha que entrar no Windows, buscar informações no falido buscador Altavista ou perguntar no chat da Uol, anotar tudo e imprimir, para ler depois no Linux. Só Deus sabe como eu conseguir instalar o Slackware e compilar o Enlightenment. Na época, a diferença visual do Windows 2000 Professional (sim, desde 2000 eu me recuso a usar versões Home ou inferiores do Ruindows) com o Enlightenment era brutal. Hoje parece meio brega, igual o esqueumorfismo das versões antigas do iOS.


Não, não são minhas screenshots mas na época meu desktop era tão brega quanto esse da direita. Na época isso era tão foda quanto usar neon num sedã rebaixado.

Ao contrário do GNOME, MATE, XFCE, LXDE, Cinnamon e Unity que são baseados no GTK+ e o KDE e LXQt que usam o Qt, o Enlightenment usa suas próprias bibliotecas e aplicativos. Muita gente reclama que o GTK+ vive em função do GNOME Qt não é "completamente open-source" e temem que possa mudar para o lado negro da força. Sem contar que cada dia mais os dois principais DEs estão com mais bloatwares e pesados.O E (vou chamar de E porque digitar Enlightenment é um saco) é tão leve que usando o openSUSE com ele vai ocupar apenas 1,5GB.

O projeto nasceu para criar um gerenciador de janelas para o X11 lá em 1996 e de lá pra cá evoluiu bem. Como vocês já leram aqui no melhor blog sul-americano, a versão veicular do Tizen (In-Vehicle Infotainment) contará com o ele, ou seja, o não é PoucaBosta™. E eles estão fazendo a transição para o Wayland, já que não querem morrer no tempo.

Vou testar em uma máquina virtual com o openSUSE, se alguém quiser, é só seguir os mesmos passos para instalar o MATE, obviamente escolhendo o E no lugar:


É por isso que eu amo essa distro, você baixa o ISO e já tem tudo lá, não precisa baixar um ISO para cada ambiente desktop, versão (workstation / server) etc.

Se você quer instalar e tentar a sorte em um sistema já instalado com ou sem outra DE:

# zypper addrepo -f obs://build.opensuse.org/X11:Enlightenment:Factory enlightenment
# zypper ref

Depois basta instalar o meta-package dele no openSUSE

# zypper install -t pattern enlightenment

Ou se você é tão vagabundo assim, use o 1-click Installer. Só lembrando que o Factory é o Insider do openSUSE, então pode rolar umas tretas aí.

Ele usa o LightDM como gerenciador de display. Logo após o login ele pergunta qual perfil de tema quer usar, como eu amo o openSUSE, já sabem.



Como podem notar, continua muito brega. Quando você clica no mouse o ponteiro até brilha, rola um glow. GLOW, mano, GLOW!


Acho que nem o Jonathan Ive teria uma ideia dessas. Mas enfim.


Consumindo 300MB de RAM logo no início, achei meio pesadinho até, esperava menos:



Bem, é isso, rodando openSUSE Leap 42.1, kernel Linux 4.1.26-21 e Enlightenment 0.20.9.

Veio com pouquíssimos programas. Além dos openSUSE (YaST etc):
- Leafpad (editor de texto);
- GIMP (editor de imagem);
- Firefox (browser);
- Clementine (reprodutor de áudio);
- Rage (reprodutor de vídeo);
- Lekha (leitor de PDF) e 
- Enlightenment File Manager (gerenciador de arquivos).

Tentei achar outros temas que não sejam bregas, mas impossível:


Os menos bregas e escandalosos são do próprio openSUSE:


Mas pelo menos é muito customizável, ao contrário do que o GNOME vem se tornando. Problema é que as chances de embaianar são grandes.

Bem, tá aí uma alternativa aos forks do GNOME e KDE para quem procura um ambiente desktop mais leve e curte The Matrix.